Mário de Andrade

Mário Raul de Morais Andrade nasceu em São Paulo,
em 9 outubro de 1893

Escritor brasileiro, foi o que se denomina um polígrafo, isto é, escreveu sobre muitos temas diferentes e utilizou formas de expressão diversas: a poesia, o ensaio, a ficção, a musicologia, a crítica, além de ter exercido o magistério e o jornalismo. Foi o teórico mais importante do Modernismo e sua influência, até hoje, é imensa em praticamente todas as atividades culturais brasileiras. Depois de estudos iniciais em São Paulo, cursou o Conservatório Dramático Musical, onde foi a partir de 1922, catedrático de história de música e de estética.

Mário de Andrade estreou como poeta, publicando, em 1917, o livro Há uma gota de sangue em cada poema, com o pseudônimo de Mário Sobral. Neste seu primeiro livro já eram notórias as sementes de seu trabalho revolucionário posterior. Foi, porém, a partir da Semana de Arte Moderna, da qual foi um dos mentores e organizador, que se tornou a figura mais importante da literatura brasileira entre 1922 e 1945. Em Paulicéia desvairada, publicada em 1922, apresentou uma poesia sem métrica, nascida de livres associações subconscientes, e teorizou, no prefácio, sobre a estética do movimento modernista.

Houve escândalo de público e de crítica. Em 1930, com Remates de Males, voltou a métrica, mas com liberdade de rimas e ritmos. No terreno de ficção, em 1927, foi autor de Amar, Verbo Intransitivo, transformado em filme por Lauro Escorel [Lição deAmor - 1975] e Macunaíma, em 1928, levado ao cinema por Joaquim Pedro de Andrade, em 1969. Como crítico e ensaísta, escreveu A Escrava que não é Isaura, entre outros. É autor ainda de inúmeros estudos musicológicos, como Ensaio sobre a música brasileira e da letra e música de diversas composições populares.

Nomeado Chefe do Departamento de Cultura da Prefeitura de São Paulo, em 1936, organizou cursos de etnografia e folclore, criou a primeira discoteca pública do Brasil e promoveu o I Congresso de Língua Cantada. Em fevereiro de 1938, reúne uma equipe de pesquisadores com o objetivo de fazer um mapeamento da música tradicional brasileira – a Missão de Pesquisas Folclóricas –, que tem sua primeira etapa realizada no Norte e Nordeste do país. Dessa viagem resulta o acervo de registros em filme, áudio, imagens, anotações musicais, considerado o primeiro "projeto multimídia" da cultura brasileira, infelizmente interrompido, quando Mário de Andrade é demitido do Departamento de Cultura, nesse mesmo ano.

Transferindo-se para o Rio de Janeiro, foi professor de Filosofia e Arte na Universidade do Distrito Federal e ainda dirigiu seu Instituto de Artes. Um capítulo à parte em sua produção literária sem fronteiras é constituído pela correspondência do autor, volumosa e cheia de interesse, ininterruptamente mantida com colegas como Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral, Fernando Sabino, Augusto Meyer e outros. Suas cartas conservaram, de regra, a mesma prosa saborosa de suas criações com palavras, um lirismo que, como ele disse, "nascido no subconsciente, acrisolado num pensamento claro ou confuso, cria frases que são versos inteiros, sem prejuízo de medir tantas sílabas, com acentuação determinada". Mário de Andrade falece em São Paulo, em 25 de fevereiro de 1945, coberto de reconhecimento pelo papel de vanguarda que desempenhou em três décadas de atividades.

Fonte: SESCSP, http://twixar.com/0toD