Diretor do CPT/Sesc, Antunes Filho, em encontro com o ator Décio Pinto e a atriz Theodora Ribeiro, ambos do Grupo Luz e Ribalta, fala dos desafios de se montar um Mário de Andrade. Ele elogiou a iniciativa do grupo na montagem de O Grande Grito e disse que, certamente, o elenco vai aprender muito com todo o processo.
Leia mais sobre esse bate-papo com o relato da atriz Theodora Ribeiro, que participou da primeira montagem de Macunaíma, de Mário de Andrade, dirigida por Antunes Filho, em 1978.
Antunes, nocentro, ao lado de Décio Pinto e Theodora Ribeiro |
Antunes recebeu o Grupo Luz e Ribalta no CPT, Centro de Pesquisas Teatrais mantido pelo SESC Consolação. Foi uma linda conversa. O grande diretor nos contou que só se interessou em reler Macunaíma por insistência de Jacques Terriot,(Diretor da Aliança Francesa)que tinha interesse em traduzir o livro para o francês e propôs que Antunes adaptasse a obra para o teatro. Releu e percebeu que aquilo era “teatro”.
Era meados dos anos 70 e Antunes já era um diretor famoso. Sua amiga Léo, Leonor Chaves, produtora da TV Cultura, insistia com ele para que criasse uma companhia onde pudesse realizar um trabalho diferente do que se fazia no teatro comercial, onde ele pudesse explorar mais seus conhecimentos e sua Arte. Ele decidiu topar o desafio e propôs à C.E.T., antiga Comissão Estadual de Teatro – da Secretaria do Estado de Cultura, um curso coordenado pelo SATED/SP. Este selecionaria os atores para essa empreitada.
Formou-se então um núcleo cooperado chamado Pau Brasil, do qual eu, Theodora Ribeiro, fiz parte , enquanto Gabriela Rabelo, autora de O Grande Grito, desempenhava na época o cargo de tesoureira do Sindicato. E era pra ela que o grupo prestava contas da verba recebida pela C.E.T.
Antunes não tinha idéia do que resultaria daquele processo de trabalho e não imaginava que Macunaíma seria referência internacional do Teatro Brasileiro. Ficamos sabendo que ele conheceu Oneyda Alvarenga – amiga e colaboradora de Mário de Andrade, através de Osmar Rodrigues Cruz, com quem havia trabalhado como ator no Centro Acadêmico Horácio Berlink, que Osmar dirigia enquanto aluno do Curso de Economia.
Antunes falou também que embora tenha sempre um público fiel sente que a mídia não tem interesse pelas coisas que falam da nossa história. Concluiu dizendo que o CPT tem muito do que foi deixado pelos que começaram, em 1977, o processo que resultou na montagem de Macunaíma e no seu método. Apontou sapatos no chão, roupas, fotos, e atribuiu àqueles objetos um pouco de cada um dos que participaram do processo de adaptação e criação do espetáculo Macunaíma.
Foi mais que uma conversa. Foi um momento especial e emocionante onde o Teatro existiu por inteiro. Antunes disse que quer assistir O Grande Grito. E já está mais que convidado, nos encontramos lá! Lembre-se estréia dia 11 de março, no CCSP, com temporada até 17 de abril.
Atriz Theodora Ribeiro em conversa com o diretor de teatro Antunes Filho |
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