Cena de O Grande Crito: com Níveo Diegues, como Mário de Andrade, Adão Filho, como Exú, e Augusto Pompeo, como Macunaíma |
A sala de ensaio é pequena, escondida, mas é lá...no andar subterrâneo do Centro Cultural que se ventila e se fomenta e cresce o impulso para o Grande Grito.
A peça de Gabriela Rabelo, tem nessa montagem do Grupo Luz e Ribalta a impecável e precisa direção de José Renato. Atento, pede silêncio e não permite que nada atrapalhe a concentração do elenco. Anota tudo, depois...no intervalo dá retorno para todos e de olho no tempo...espera ver melhor e melhor na próxima passagem.
Contemplados com o Proac, da Secretaria da Cultura, o grupo vai contar uma passagem muito significativa da vida do escritor Mario de Andrade e que pouca gente conhece. Em o Grande Grito, o lado humano e sensível do escritor para a cultura e para a formação de uma consciência cultural ficam em evidência. Convidado para chefiar o departamento de Cultura de São Paulo, entre 1935 e 1938, Mário de Andrade mostra uma gestão forte, polêmica e cheia de novidades, muitas das quais o Estado segue até hoje.
Com forte preocupação com a preservação cultural, uma das batalhas do escritor foi a concretização da Missão de Pesquisas Folclóricas, pano de fundo da peça, que nos serve ainda hoje de questionamento:o Brasil Conhece o Brasil?
Com questões tão atuais o elenco não faz por menos e vai fundo no objetivo de Mário de Andrade de mostrar o Brasil aos Brasileiros. O ator Níveo Diegues que faz o personagem de Mário de Andrade na trama diz se sentir honrado com o papel e o desafio. “Espero deixar claro com minha atuação que Mário foi além de sua obra conhecida nos livros, como Macunaíma, mas como pessoa, como homem, ele amou demais esse país, sua gente, suas riquezas culturais e essa preocupação não morre com ele, deve , em verdade, ser o mote de todo artista, do que vale a obra se ela não fica, se não continua transformando?”,diz.
O ator Augusto Pompeo que faz um dos personagens mais polêmicos de Mário de Andrade, Macunaíma, também falou desse desafio. Para ele a peça traz também outra reflexão nos diálogos entre criador e criatura, onde muitas vezes angustiado, Mário de Andrade é amparado por sua “criatura”.
O casal jovem da peça é representado por Murilo Inforsato e Miriam Amadeu que fazem Frederico e Rose. Para eles, o Grande Grito traz outro questionamento: qual a visão de literatura brasileira que se tem hoje? “Grandes mestres como Mário de Andrade e outros como Machado de Assis aparecem apenas confinados em livros pré-vestibular, onde são lidos de uma forma obrigatória e desinteressante, o que os jovens de hoje sabem além do que viram em resumos da internet?” Por isso, ampliando o escopo sobre o lado humano do artista, esta peça ajuda outras gerações a compreenderem melhor o porquê de determinada obra.
Sempre interessado na pesquisa etnográfica e no folclore, Mário de Andrade se aproximou muito da cultura religiosa africana, que na peça está muito bem representada na figura de Exu- um tipo de Orixá originário do Candomblé. O Ator Adão Filho que representa esse Exu admite que precisou ir fundo nos estudos sobre esse tema, mas acredita que o trabalho valeu a pena.
A atriz Theodora Ribeiro em cena com Miriam Amadeu (sentada) |
A peça o Grande Grito prometida para o dia 11 de março, na sala Jardel Filho do CCSP, ainda traz no elenco Theodora Ribeiro, Carlos Francisco e Carlos Cambraia, respectivamente como Dona Cecília, Seu Nilton e Dr Flávio, todos integrantes do plano visível dessa trama que busca, entre outras coisas, valorizar a luta de Mário de Andrade pela Cultura.
O ator Murilo Inforsato, no papel de Frederico e Miriam Amadeu, como Rose |
Os atores Carlos Cambrais(a esq) e Carlos Francisco. Ao fundo a autora Gabriela Rabelo e o ator Adão Filho |
Parabéns pelo espetáculo!!!! Maravilhoso..Pompeo Adorei rever vc em cena.. Todos estão muito bem.
ResponderExcluirSucesso
NAZA THOMAS